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Finanças Pessoais: Despesas Parte 1/2 - Feche a torneira pt.4

  • Foto do escritor: Felipe Picanço
    Felipe Picanço
  • 8 de set.
  • 6 min de leitura

Vamos colocar a mão na massa e começar a organizar nosso orçamento, que você pode montar em uma planilha. Vamos começar pela parte mais crucial: a organização das nossas despesas. Depois, gradualmente, falaremos sobre as receitas e como medir nosso desempenho financeiro ao misturar receitas e despesas, para saber exatamente o quanto conseguimos poupar no final do mês. Mais adiante, vamos descobrir o que fazer com esse dinheiro que sobrou.


A planilha que vou construir aqui com vocês é um modelo. Ela não vem com exemplos prontos e fixos, porque cada um tem uma realidade financeira diferente. Por isso, quando eu der um exemplo, não se apegue à ideia de que ele precisa se encaixar perfeitamente na sua vida. Se não couber, você simplesmente adapta. Por exemplo, posso citar o plano de saúde: algumas pessoas têm um valor menor por ser coparticipação da empresa, enquanto outras pagam o valor integral por conta própria. O importante é que, se o exemplo não for o seu caso, você personalize. Minha sugestão é que você abra a sua própria planilha e vá fazendo o mesmo, adaptando-a à sua realidade.


Como vamos montar essa planilha? Primeiramente, vamos organizá-la. Sugiro que você nomeie a planilha como "Controle Financeiro" e a primeira aba, ou guia, como "Dados".


O que vou te ajudar a construir é algo que faço ininterruptamente há mais de 10 anos. Comecei a usar essa metodologia em 2014 e, desde então, ela evoluiu muito com várias adaptações. Eu sempre reservo um tempinho do mês para ajustar o design, melhorar as fórmulas, e faço uma revisão anual para preparar a planilha para o ano seguinte. Ela começou de um jeito e foi se transformando conforme minhas necessidades, até chegar ao formato que considero ideal hoje. A forma como vou apresentar a vocês é exatamente a mesma divisão que uso. Obviamente, os valores e as categorias de despesas serão diferentes dos seus, mas a estrutura principal estará aqui. Confie que essa metodologia funciona, pois tem dado certo para mim.


Então, como começamos a construir nossa planilha? O primeiro passo é inserir nossas receitas. As receitas podem vir de diversas fontes, dependendo do perfil de renda de cada um. Eu gosto de dividi-las em:


Receitas Profissionais: Que são aquelas que vêm do seu salário ou do serviço que você presta no seu trabalho, seja CLT ou PJ.


Receitas de Empreendedorismo: Aqui entram aqueles valores que você ganha com vendas de algo que produz, consultorias, ou até a venda de um bolo ou doce.


Receitas Diversas: Aqui você pode incluir transferências de Pix, o recebimento do saque do FGTS, ou qualquer outra entrada de dinheiro que não se encaixe nas categorias anteriores.


A Receita Total será o somatório dessas três categorias. Você pode usar uma fórmula de soma do Excel para que ela calcule automaticamente a soma das suas receitas.


Para começar, vamos simular alguns valores. Por exemplo, vamos colocar uma Receita Profissional de R$6.000. As Receitas de Empreendedorismo e Diversas, por enquanto, podem ser zero.


Em seguida, vamos organizar as colunas para os meses do ano, como Mês 1, Mês 2, e assim por diante, até o Mês 12, para simular um ano completo.


Agora, chegamos à parte principal da nossa aula: as despesas. As receitas que inserimos servem como nosso balizador, para sabermos o quanto ganhamos e, assim, podermos planejar o quanto podemos gastar. O grande objetivo é chegar à diferença entre Receitas e Despesas, para descobrir o quanto vai sobrar.


A personalização é fundamental aqui, pois as categorias de despesas vão depender muito do seu perfil de consumo. O legal de construir sua própria planilha é que ela se torna um retrato da sua vida financeira. Quando você olha o mês, vê uma "foto" da sua situação; e quando analisa o ano, é como um "vídeo" de tudo o que você fez. É muito gratificante ver que um gasto maior em fevereiro pode ter sido por causa do Carnaval, ou em agosto pela compra de um celular novo, ou em dezembro pelas festas de fim de ano. Por isso, é essencial que você personalize a planilha ao máximo. Os exemplos que dou aqui são apenas simulações, como um aluguel de R$2.000. Use-os como base, mas adapte para sua realidade.


Além dos meses, é importante ter uma coluna Total Anual que vai somar todos os gastos e receitas do ano até o momento.


Vamos simular um cenário para entender o impacto:

No Mês 1, suponha que você teve um déficit de R$200. No Mês 2, com um pouco mais de controle, conseguiu uma pequena sobra de R$38. No Mês 3, você se empolgou e conseguiu uma renda extra de R$200 (vendendo doces ou prestando um serviço), resultando em uma sobra de R$138. Isso significa que você conseguiu poupar 2% da sua renda – um ótimo começo!


Mesmo com esses meses positivos, ao olhar o total anual, você ainda pode estar com um pequeno prejuízo acumulado, digamos, de R$24, porque os meses positivos ainda não cobriram o déficit inicial.


Mas a vida financeira nem sempre é linear. O que acontece quando surgem os gastos não previstos? Suponhamos que, no Mês 4, você teve um problema em casa, como um cano que estourou ou um piso que rachou, e precisou gastar R$ 500 com manutenção. Isso pode levar seu saldo mensal a um prejuízo de, por exemplo, R$ 562. Aqui começa o desespero e a sensação de sufocamento financeiro. Em uma situação ideal, você usaria sua reserva de emergência (um assunto que abordaremos em breve) para cobrir esse valor. Sem ela, esse saldo negativo pode se agravar com juros do cheque especial, e você pode passar meses tentando se recuperar.


Mas a planilha é uma ferramenta de mudança! Vendo esse sufoco no Mês 5, você decide tomar atitudes mais severas. Você corta gastos com bares e restaurantes e usa esse tempo para vender seus docinhos ou prestar uma consultoria, conseguindo mais R$500 de renda extra. Além disso, decide otimizar suas despesas de moradia, talvez dividindo o aluguel com um amigo. Se antes você gastava R$2.000, agora, dividindo, sua parte é R$1.500, liberando R$500 no orçamento. Outros gastos, como presentes, podem ser zerados por um tempo. Você pode até decidir investir um pouco mais em suplementação, mas o transporte se mantém.


O que aconteceu aqui? Você aumentou sua renda em R$ 500 e reduziu suas despesas em R$ 500. Esse dinheiro não "apareceu" por mágica, nem foi por "cortar o cafezinho". Ele surgiu porque você fez um planejamento de vários meses e, ao enxergar a necessidade, agiu para mudar sua realidade. No final do Mês 5, depois de muito esforço, você pode ter uma sobra mensal de R$ 1.200 e, no acumulado do ano, um resultado líquido positivo de R$ 672.


Essa primeira parte do gerenciamento de despesas não é algo que você fará de forma simples e rápida. A primeira vez que construir sua planilha, leve em mente que será demorado. Você precisará adaptá-la à sua realidade, criar todas as categorias e, provavelmente, consultar suas últimas 3 a 6 faturas de cartão de crédito e extratos bancários para mapear seus gastos. É um trabalho inicial, mas depois que a estrutura estiver montada e os primeiros dados preenchidos, a manutenção mensal se torna muito mais fácil.


É um processo gradual, mas um conceito que eu adoro e que aplico há 10 anos é o seguinte: a situação financeira e o controle orçamentário que eu alcancei hoje não vieram de um hábito extraordinário que surgiu de repente. Eles vieram de uma construção diária, passo a passo, por uma década. É por isso que me sinto à vontade para ensinar o que fiz. O resultado que você terá com suas finanças virá de pequenos esforços contínuos, que, juntos, formarão um hábito extraordinário e trarão resultados exponenciais.


Para finalizar, a planilha permite uma análise visual poderosa. Você pode selecionar os dados das suas categorias de despesas e os totais anuais para gerar um gráfico. Ao visualizar, por exemplo, que 40% dos seus gastos anuais são com moradia, seguido por alimentação e saúde, você tem uma "foto" clara do seu orçamento. Se seu "tripé" financeiro é moradia, alimentação e saúde, está tudo bem. Mas se os gastos majoritários estiverem em lazer e presentes, ou se a categoria "alimentação" for dominada por idas a bares e restaurantes em vez de mercado, é hora de acender o alerta e fazer ajustes.


É como ir ao médico: ele analisa seu histórico (os meses passados) e seu momento atual para mapear o que está certo ou errado. Tudo isso começa com a simples construção de uma planilha inicial, registrando suas receitas e despesas para saber quanto sobra no final do mês.

Este é apenas o primeiro post sobre despesas. No próximo, traremos mais desdobramentos da planilha e outros conceitos que aprofundarão seu entendimento financeiro, mostrando como usar essa ferramenta no dia a dia para trazer mais tranquilidade e auxiliar no seu plano de independência financeira.


Por enquanto, fico por aqui.

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